sábado, 29 de janeiro de 2011

Endocanabinoides

Olá pessoal! Quem escreve é o Bruno e esse é o meu último post para o blog. Hoje decidi falar sobre os endocanabinoides para complementar as informações transmitidas no post sobre maconha escrito anteriormente por mim. Espero que gostem!

A descoberta de receptores de THC no organismo humano fez com que os cientistas desconfiassem da existência de substâncias similares ao THC que fossem produzidas pelo próprio corpo. Tal hipótese foi confirmada com a descoberta dos endocanabinóides. Dentre eles os mais estudados atualmente são a anandamida e o 2-araquidonilglicerol (2-AG).
Os endocanabinóides são produzidos sob demanda, ou seja, somente os neurônios pós-sinápticos estimulados são capazes de sintetizá-los. Uma vez produzidos, eles saem do neurônio e ligam-se aos receptores CB1 localizados no terminal pré-sináptico.
A maior parte dos neurotransmissores são solúveis em água e armazenados em vesículas que se fundem a membrana celular liberando-os na fenda sináptica, onde se ligarão aos receptores do neurônio pós-sináptico. Diferentemente, os endocanabinóides não são armazenados em vesículas. Esses compostos são lipídios rapidamente sintetizados a partir de componentes da membrana celular e sua liberação na fenda sináptica é regulada por meio do influxo de íons cálcio na célula ou da ativação de receptores acoplados à proteína G. Os endocanabinóides que não se ligaram a nenhum receptor são recaptados para o neurônio pós-sináptico por uma proteína transportadora e degradados por enzimas específicas.
Os endocanabinóides, ao contrário do THC, conseguem interagir com outro tipo de receptor: os receptores vaniloides. Esse receptor também tem grande distribuição no Sistema Nervoso Central, mas seu modo de ação é distinto dos CB1. O receptor vaniloide tem localização pós-sináptica e quando acionado promove a entrada de íons sódio no neurônio, ativando-o. Outra peculiaridade é que a interação entre o receptor e o endocanabinóides se dá no interior do neurônio. Isso significa que para ativar o receptor vaniloide, o endocanabinóides deve ser interiorizado pelo neurônio.
Um aspecto interessante do modo de ação dos endocanabinóides é que eles atuam de forma retrógrada, ou seja, do neurônio pós-sináptico para o pré-sináptico.
Em uma sinapse típica, o neurônio pré-sináptico secreta neurotransmissores na fenda sináptica, onde encontrarão seu receptores no neurônio pós-sináptico. Com os endocanabinóides se dá o contrario. Os neurotransmissores são produzidos na membrana das células pós-sinápticas e dali atravessam a fenda sináptica para encontrar os receptores CB1 no neurônio pré-sináptico. A mensagem transmitida é inibitória, sinalizando para o neurônio pré-sináptico que a liberação de neurotransmissores deve ser cessada, protegendo os neurônios da superexcitação. Esse fenômeno foi chamado de inibição da supressão induzida por despolarização (DSI).

                  
Pesquisas recentes visando relacionar a ação dos endocanabinóides com alterações comportamentais foram feitas em diversos centros de estudo. Para tal, os cientistas através de reforço negativo treinaram ratos para que quando escutassem determinado sinal sonoro sentissem medo. Isso é feito aplicando-se choques elétricos de baixa intensidade aos animais ao mesmo tempo em que o som é gerado.
O experimento mostrou que ao escutar o som, mesmo na ausência de choques elétricos, os ratos demonstravam sinais de medo. Mas quando o som era repetido várias vezes, na ausência de choques, os animais deixavam de temê-lo, ou seja, o condicionamento desaparecia, processo denominado extinção. Os pesquisadores realizaram os mesmos testes com roedores desprovidos de receptores CB1. Eles constataram que esses animais aprendiam mais rapidamente a temer o sinal sonoro e não perdiam o medo do estímulo mesmo quando este não estava mais associado às descargas elétricas. Esse experimento indica que os endocanabinóides possuem importância na extinção de memórias aversivas e inibição da reconsolidarão destas.
Portanto, a ativação de receptores CB1 poderia ser um importante alvo de estudo para o desenvolvimento de nossas estratégias terapêuticas para o tratamento do transtorno pós-traumático.



Bruno Sakamoto - MED 92


Referências Bibliográficas
Revista Scientific American Brasil. edição especial nº 38: Consciência Alterada, O Universo paralelo das drogas.
http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/barato_natural.htm
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462010000500004

Esquizofrenia

     Salve, geral! Aqui quem escreve é o Vinícius mais uma vez. Para fechar o semestre, decidi fazer meu último post a respeito da Esquizofrenia. Vamos lá?


     A esquizofrenia é um transtorno psicótico que atinge (de acordo com pesquisas recentes) cerca de 1% da população mundial, não havendo grandes distinções entre homens e mulheres. Ela é caracterizada pela perda das capacidades funcionais do indivíduo, que passa a ter sérios problemas de relacionamento interpessoal. A doença é crônica e se manifesta entre o final da adolescência e os 40 anos de idade.
     O esquizofrênico apresenta uma série de sintomas característicos, que são subdivididos em dois grupos: os sinais positivos e os sinais negativos. Sinais positivos são aqueles que o paciente “apresenta, embora não devesse apresentar”. Entre eles, podemos destacar os delírios e as alucinações. Sinais negativos são justamente o contrário: são comportamentos que o indivíduo deveria apresentar, mas não apresenta. Entre eles, destacamos a apatia, o isolamento social e a dificuldade em formular pensamentos com uma seqüência lógica.

     Bioquimicamente, existem várias hipóteses que se complementam para tentar explicar a esquizofrenia. As principais são: a dopaminérgica, a glutamatérgica e a serotoninérgica.
     A hipótese dopaminérgica se baseia em dados experimentais de que drogas antipsicóticas reduzem a transmissão de dopamina no sistema nervoso central. Além disso, agonistas dopaminérgicos indiretos – como a anfetamina e a cocaína – podem originar ou acentuar sintomas psicóticos. Segundo essa hipótese, a hiper-estimulação do receptor D2 (um dos cinco receptores de dopamina no sistema nervoso central) no núcleo accumbens do cérebro seria responsável pelos sinais positivos da esquizofrenia. Entretanto, a hipótese dopaminérgica, ainda que amplamente aceita, não é capaz de explicar todos os sintomas do esquizofrênico. Mais especificamente, ela não explica satisfatoriamente os sinais negativos da esquizofrenia.




     Esse “problema” na hipótese dopaminérgica levou os cientistas a pesquisarem quais outros distúrbios levavam à esquizofrenia. Foi assim que surgiu a hipótese glutamatérgica. O glutamato, como o Nelson falou hoje para vocês, é o principal neurotransmissor excitatório que nós temos. Para que a via glutamatérgica seja ativada, é necessário que o receptor NMDA seja “libere” o influxo de íons para o neurônio. Para que isso ocorra, três fatores são necessários: ligação de uma glicina, despolarização da membrana pós-sináptica e ligação de uma molécula de glutamato. Em pacientes esquizofrênicos, acredita-se que haja uma hipofunção dos receptores NMDA, de modo que essa via excitatória a partir do glutamato seja inibida. Esse argumento é sustentado, por exemplo, pela utilização de antagonistas do receptor NMDA, como a PCP, que geram quadros semelhantes à esquizofrenia.




     A hipótese serotoninérgica ainda não é bem aceita, devido ao pouco embasamento que possui. Retirei esse trecho do artigo Fisiopatologia da esquizofrenia: aspectos atuais, de Ary Gadelha de Alencar Araripe Neto, Rodrigo Affonseca Bressan e Geraldo Busatto Filho:
          “O uso de LSD causa sintomas como desrealização, despersonalização e alucinações visuais, experiências semelhantes a alguns sintomas da esquizofrenia. Esses efeitos se dão por intermédio do antagonismo de receptores serotoninérgicos. Essa observação, feita ainda na década de 1950, levantou a possibilidade de que um déficit de serotonina estivesse envolvido na patogênese da esquizofrenia. No entanto, as evidências em favor da teoria dopaminérgica fizeram com que essa idéia fosse colocada de lado até o final da década de 1980, quando do surgimento dos antipsicóticos atípicos. Os atípicos apresentavam ação antipsicótica com baixa capacidade de induzir sintomas extrapiramidais e uma afinidade maior por receptores serotoninérgicos do que por receptores dopaminérgicos. Acreditava-se que a ação serotoninérgica seria responsável por um melhor efeito sobre sintomas negativos e teria reações protetoras sobre a indução de sintomas extrapiramidais (Iqbal e van Praag, 1995).
          Kapur e Seeman (2001) discordam dessa observação em relação à ação dos atípicos, apontando as seguintes evidências: antipsicóticos típicos, como a loxapina e a clorpromazina, mostram grau comparáveis aos atípicos de ocupação 5-HT2A; a ocupação máxima 5-HT2A é obtida com doses de atípicos que não são antipsicóticas e os atípicos só se tornam efetivos quando a ocupação de D2 excede 65%, limiar que não difere do necessário para a ação do haloperidol. Dessa forma, a teoria serotoninérgica como modelo explicativo da esquizofrenia é controversa e carece de evidências mais consistentes”.



DADOS INTERESSANTES SOBRE A ESQUIZOFRENIA

     Diversos artistas já foram diagnosticados como esquizofrênicos. Entre eles, vou citar um caso muito interessante, que o Diogo falou pra vocês durante a nossa apresentação de seminário: o do pintor Louis Wain.
     Nascido em 1960, Louis Wain foi um pintor inglês apaixonado por gatos. Suas pinturas de gatinhos ficaram conhecidas pelo antropomorfismo que lhes empregou e pela expressão que conseguia impor aos olhos dos felinos.



     Analisando a obra completa do pintor, entretanto, é possível notar claramente o progresso de sua esquizofrenia. Os gatos deixam de ter formas reais e se tornam completamente desfigurados. Observe nas figuras abaixo a progressão da doença de Wain:

(clique na imagem para ampliá-la!)




    Bom, é isso, pessoal! Espero que tenham gostado do blog!
   Um grande abraço a todos! Muito obrigado mesmo pela colaboração de vocês!
     Vini.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v22s1/a06v22s1.pdf
www.abcdasaude.com.br
http://www.icb.ufmg.br/lpf/revista/revista1/volume1_loucura/cap3_3.htm
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v25n3/a11v25n3.pdf
http://en.wikipedia.org/wiki/Louis_Wain
http://www.cerebromente.org.br/gallery/gall_leonardo/fig1-a.htm

BIOQUÍMICA DO TRANSTORNO BIPOLAR

Aos amantes de bioquímica, neurotransmissores, doenças mentais, drogas e tudo o que postamos no nosso blog. Hoje eu (Caio Rocha), conforme prometi, vim publicar sobre a Bioquímica do Transtorno Bipolar.


Säo várias as causas da origem biológica que podem resultar no transtorno bipolar, descreverei aqui as principais:

- Neuroquímica
- Hormonal
- Genética
Neuroquímica
No transtorno bipolar, há uma redução na atividade dos seguintes neurotransmissores:
- Serotonina
- Noradrenalina
- Dopamina
Tais neurotransmissores apresentam-se em baixas concentrações nos episódios depressivos do transtorno bipolar, sendo que seus metabólitos (5-HIAA, HVA e MHPG, da serotonina, dopamina e noradrenalina, respectivamente) estáo alternadas na urina, no sangue e no líquor. A desregulagem do sistema adrenérgico-colinérgico com domínio do colinérgico é um dos grandes fatores neuroquímicos etiológicos característicos do transtorno bipolar.

Hormonal
Há algumas anormalidades neuroendócrinas presentes no transtorno bipolar, e a atividade do sistema imunológico está diminuída tanto na mania quanto no transtorno depressivo. Costuma ocorrer uma alta atividade do TSH (hormônio estimulador da tireoide) e uma reduçäo nos níveis dos seguintes hormônios:
  • GH, hormônio do crescimento
  • FSH, hormônio folículo-estimulante
  • LH, hormônio luteinizante
  • Testosterona



Genética
Existem grandes evidências que däo suporte à hereditariedade do transtorno bipolar. Os estudos realizados nessa área tentam demonstrar que:
  • Se um dos pais é portador do transtorno bipolar I, há 25% de chance do filho apresentar um transtorno do humor.
  • Se os dois pais são portadores do transtorno bipolar I, há 50 a 75% de chance do filho apresentar um transtorno do humor.
  • Se um dos pais apresenta transtorno depressivo maior, há 10 a 13% de chance do filho apresentar um transtorno do humor.

Através de marcadores genéticos, foi evidenciado que os cromossomos 5,11 e X têm clara influência e envolvimento no transtorno bipolar I.

Caio Rocha
MED92
Bibliografia:
- Manual Conciso de Psiquiatria Clínica, KAPLAN e SADOCK, 2 ed.

Escape Vagal

Olá meus queridos leitores, Caio digitando aqui e dessa vez sobre um fenômeno fisiológico relacionado aos neurotransmissores, o escape vagal. É o mesmo fenômeno que descrevi na minha apresentação oral para a turma de bioquímica, agora contarei tudo aqui no nosso blog para que mais pessoas tenham a oportunidade de conhecer uma das muitas ações reguladoras dos neurotransmissores no nosso organismo.


Primeiramente, cabe explicar o que é o escape vagal; é o nome que se dá ao fato de o coração voltar a bater após um longo período de estímulo do nervo vago. Esse efeito não é esperado, pois tal estímulo provoca uma liberação de acetilcolina, neurotransmissor colinérgico que promove a bradicardia, ou seja, diminuição do ritmo cardíaco ou até mesmo completa parada cardíaca.


Uma explicação existente para esse fenômeno se baseia na capacidade de produção de acetilcolina pelo organismo. É dito que com o longo período de estimulação e conseqüente liberação do neurotransmissor, as vias produtoras não conseguem suprir a demanda, então com o tempo o coração volta ao seu batimento normal, pois o estímulo vagal não gera mais a liberação da acetilcolina que está em falta.


Assim percebemos como os neurotransmissores são importantes reguladores do metabolismo, inclusive controlando funções por todo o corpo, como: sono, controle de peso, percepção de dor e também o controle de nossos estados emocionais.

Abraço a todos,
Caio Rocha, Med92.


Bibliografia:

- University of Washington, School of Medicine:   

Glutamato

Olá pessoal, aqui é o Nelson Isamo mais uma vez. Como eu comecei falando sobre o Gaba, que é o principal neurotransmissor inibitório, vou fechar falando sobre o glutamato, que é o principal excitatório.

Ação

Como neurotransmissor excitatório, o glutamato abre os canais iônicos da célula, permitindo assim a entrada de íons e a despolarização da membrana. O uso excessivo de agonistas desse aminoácido, que serve como neurotransmissor, pode levar a danos neuronais, pois a entrada excessiva de íons no neurônio leva à morte dessa célula. Há vários receptores de glutamato, cujos subtipos principais são o NMDA, o AMPA e o cainato, e eles são mais abundantes no córtex, nos gânglios da base e nas vias sensoriais.

Os receptores AMPA, e os Cainato em algumas regiões do cerébro atuam na transmissão excitatória rápida no SNC. Os receptores AMPA também se encontram nos astrócitos, que desempenham papel de comunicação, bem como de sustentação no cérebro. Os receptores NMDA contribuem como um componente lento para o potencial sináptico excitatório, cuja magnitude varia em diferentes vias.

Degradação

O glutamato é recaptado na fenda sináptica através de transportadores localizados na membrana de células da glia ou de neurônios pré-sinápticos. Nas células da glia, após ser recaptado o glutamato é transformado em glutamina (perdendo assim sua ação como neurotransmissor). A glutamina é transportada através da membrana da célula da glia ao neurônio pré-sináptico novamente, e lá é convertida a glutamato pela enzima glutaminase, para ser guardado em vesículas e posteriormente secretado.

Referências


Farmacologia - J M Ritter, P K Moore, M M Dale, H P Rang. Tradução da 5ª edição. Editora Elsevier.

Bom pessoal, isso é tudo. Me despeço aqui de vocês, e espero que tenham gostado das postagens, e do blog em geral. O blog de neurotrans está na expectativa de ser reeleito como melhor blog do semestre hehehe. Abraço a todos.


Maconha

Olá pessoal! Quem escreve é o Bruno e eu vim falar um pouco sobre a história da maconha e como essa droga age no organismo humano. Boa leitura!

Certas substâncias de origem vegetal capazes de alterar a consciência e transportar o homem para uma dimensão não comum fazem parte da História da humanidade desde épocas remotas. O uso de tais substâncias é uma questão complexa, pois abrange fatores culturais, religiosos e até medicinais. Dentre essas drogas, a maconha talvez seja a mais amplamente estudada, e seu uso terapêutico é ainda contraditório e polêmico.
A Cannabis sativa, nome cientifico da maconha, tem sido cultivada pelo homem há mais de 5000 anos com finalidades diversas: obtenção de fibras para manufatura têxtil, fins terapêuticos e uso recreacional.


O primeiro relato do uso de maconha para fins medicinais vem da China, na era do imperador Shen-Nung (2700 a.C). Na época, a planta era usada no tratamento de dores reumáticas, constipação intestinal, enfermidade do aparelho reprodutor feminino e malária. No Ocidente, pesquisas sobre o potencial terapêutico da maconha começaram apenas no século XIX. De lá para cá muitos ingredientes psicoativos da planta foram descobertos, os quais foram denominados de fitocanabinóides. Atualmente, pesquisadores tentam compreender os mecanismos de atuação dessas substâncias no Sistema Nervoso a fim de sintetizar fármacos capazes de reproduzir os efeitos terapêuticos da droga e ao mesmo tempo evitar os efeitos maléficos da mesma, como a dependência.
Hoje se sabe que a maconha contém pelo menos 66 fitocanabinóides, dentre eles o Δ9-Tetrahidrocanabinol (THC) é o mais estudado. Grande parte dos efeitos comportamentais da maconha é mediada pelo THC, que pode interagir com dois tipos de receptores canabinóides encontrados no organismo: CB1 e CB2. Os receptores CB2 são encontrados principalmente em tecidos periféricos. Já os receptores CB1 distribuem-se no Sistema Nervos Central (SNC).


Efeito sobre o organismo

O mecanismo de ação do THC sobre o sistema Nervoso Central ainda não está bem esclarecido e os efeitos da maconha dependem da sensibilidade do usuário e da qualidade da maconha fumada, uma vez que a concentração de THC na planta pode variar de acordo com o solo, clima, estação do ano, época de colheita e tempo decorrido entre o período de colheita e o uso.  
Hoje já se sabe que alguns receptores de THC localizam-se nos neurônios opióides endógenos e uma interação entre esses neurônios e os neurônios dopaminérgicos do sistema límbico (Sistema de Recompensa Cerebral) provoca a liberação de dopamina na fenda sináptica, o que é responsável pelo efeito clínico de euforia e prazer relacionados ao uso da droga.
A maconha não causa uma reação típica e aplicável a todos que a usam. Ela pode tanto causar sensação de bem estar acompanhada de calma, relaxamento e vontade de rir, como pode causar angústia, medo, tremores e sudorese. Também pode haver perturbação da noção de tempo/espaço e prejuízo da memória e atenção.
Doses exageradas podem provocar delírios, que se caracterizam pelo juízo errado do que é visto ou escutado. Já o uso crônico da droga interfere na capacidade de aprendizagem e memorização, o que pode induzir a Síndrome de amotivação, que é um distúrbio comportamental, no qual o individuo sofre de alterações cognitivas, que podem se manifestar por meio de déficit de atenção, diminuição da capacidade de concentração, dificuldade para tomar decisões etc.; e alterações volitivas, como diminuição do interesse pela aparência pessoal, apatia, redução de produtividade e perda do interesse pelas atividades sociais. O uso crônico da maconha ainda pode causar a queda dos níveis dos hormônios masculinos, contribuindo para a infertilidade nos homens.

O link abaixo direciona para uma animação muito didtática sobre a ação da maconha no organismo.

Bruno Sakamoto- MED 92


Referências Bibliográficas
Revista Scientific American Brasil edição especial nº 38. Consciência Alterada: O Universo paralelo das drogas

Serotonina

Aqui é o Nelson Isamo de novo, e dessa vez vou falar sobre a serotonina. Mas primeiro gostaria só de elucidar uma coisa aqui que eu acho que não falei antes, mas que é importante saber. É a classificação que é feita sobre os neurotransmissores em agonistas e antagosnitas.

O neurotransmissor agonista age sobre seu receptor se ligando a ele e dando o "estímulo" necessário para a inibição ou a transmissão do impulso. Já o neurotransmissor antagonista , se liga ao seu receptor e não dá o "estímulo", logo ele fica lá ligado àquele receptor e impede que o neurotransmissor agonista se ligue a ele.

Ação

A serotonina pode ser um neurotransmissor excitatório ou inibitório, dependendo do receptor a que se liga. Ela possui receptores em várias regiões do sistema nervoso central, então possui vários efeitos diferentes. Vou falar sobre os receptores dela, e as regiões em que se encontram para seja possível um melhor entendimento sobre as ações desse neuro transmissor.

Receptores 5HT1A - Possuem efeito inibitório, estão no núcleo da rafe e no sistema límbico. Atuam no sono, termorregulação, efeitos comportamentais e ansiedade.
Receptores 5HT1B e 5HT1D - Possuem efeito inibitório e estãonos gânglios da base. Atuam em efeitos comportamentais (B e D), vasoconstrição pulmonar (B) e locomoção (D).
Receptores 5HT2 - Possuem efeito excitatório e ocorrem em abundância no córtex e no sistema límbico. Atuam em efeitos comportamentais.

Receptores 5HT3 - Possuem efeito excitatório e são encontrados na parte postrema e em outras regiões do tronco encefálico, estendendo-se até a o corno dorsal da medula espinhal. Existem também em ampla distribuição, mas de forma dispersa em certas partes do córtex. Atuam em êmese, efeitos comportamentais e ansiedade.
Receptores 5HT4 - Estão no trato gastro intestinal, e também no corpo estriado do cérebro. Exercem efeito facilitador pré-sináptico, particularmente sobre a liberação de acetilcolina, potencializando assim o desempenho cognitivo.

Degradação

A produção se dá a partir do aminoácido triptofano, que é convertido em 5-hidroxitriptofano pela triptofano hidroxilase e depois descarboxilado a 5-hidroxitriptamina (serotonina) por uma aminoácido descarboxilase ublíqua.


A degradação da serotonina ocorre principamente pela desaminação oxidativa, catalizada pela monoamina oxidase; seguida de oxidação a ácido 5-hidroxindolacético, que é excretado na urina, e pode ser usado para saber o nível de serotonina no corpo.


Referências

Farmacologia - J M Ritter, P K Moore, M M Dale, H P Rang. Tradução da 5ª edição. Editora Elsevier.

LSD

Bom dia a todos, aqui é o Bruno Sakamoto e hoje vim falar sobre o LSD:


O LSD é um tipo de droga psicomimética, que consegue ter um grande efeito com doses pequenas (cerca de 1 micrograma a cada quilograma em seres humanos). O LSD é um derivado do ácido lisérgico (ocorre no fungo de um cereal).





HISTÓRICO

É sabido que o LSD foi sintetizado primeiramente por Hoffman em 1943, que ingeriu cerca de 250 microgramas e escreveu 30 anos mais tarde o seguinte texto (traduzido):
- "as faces daqueles ao redor, pareciam-me como máscaras grotescas coloridas, marcante agitação motora, alternando-se como parilisia.... sensação de peso na cabeça, membros e corpo inteiro, como se fossem preenchidos com chumbo.... reconhecimento claro da minha condição, em que estado, eu às vezes observava, na maneira de um observador independente, que eu gargalhava meio loucamente."


FARMACOLOGIA DO LSD

Os principais efeitos do LSD são sobre a função mental, sobretudo alterando as percepções sensoriais, de tal modo que visões e sons parecem distorcidos e fantásticos. Ocorre, também, alterações visuais, auditivas, táteis ou olfativas e modalidades sensoriais podem se tornar muito confusas, é difícil descrever, mas é como se os sons virassem visões. A sua atuação ocorre em receptores de serotonina, e no sistema nervoso central (SNC) atua como agonista do receptor. Sua ação inibe o disparo de neurônios serotoninérgicos nos núcleos da rafe (parte do encéfalo responsável por fornecer serotonina ao cérebro). Isso se deve ao fato de que age como agonista sobre os auto-receptores inibitórios dessas células.
Referências

Farmacologia - H P Rang, M M Dale, J M Ritter e P K Moore. - Tradução da 5ª edição. Editora Elsevier.
Os principais efeitos das drogas psicomiméticas são subjetivos. Vários estudos foram feitos e tentativas em determinar as alterações sensoriais forneceram vários resultados variados. As alterações fisiológicas (excetuando-se as alterações psicológicas) são poucas. O LSD é excepcionalmente potente, uma vez que produz uma sensação de disassociação e pensamento desordenado de longa duração (algumas vezes com alucinações muito assustadoras), que até pode provocar um estado violento no indivíduo. Os episódios alucinatórios podem ocorrer periodicamente após um longo período de tempo. Ele causa dependência física e a tolerância aos seus efeitos desenvolve-se bem rapidamente e há tolerância cruzada entre o LSD e a maior parte dos psicomiméticos.


Bruno Sakamoto MED92

Acetilcolina

Então pessoal, aqui é o Nelson Isamo de novo, continuo com a minha série sobre os neurotransmissores, e dessa vez vou falar sobre a Acetilcolina.

Ação

A acetilcolina é um neurotransmissor de caráter excitatório, que pode agir tanto em sinapses neuronais quanto em placas motoras, que enviam sinais para os músculos. Ao agir sobre um neurônio, a acetilcolina abre os canais de sódio e potássio da célula, fazendo com que as concentrações desses dois íons dentro e fora da célula se estabilizem, e despolarizando a membrana. Essa despolarização vai se prolongar pelo neurônio e dará origem ao impulso nervoso.

Já nas placas motoras (neurônio - músculo), receptores nas fibras musculares reconhecem a acetilcolina como sinal para a contração. Algumas toxinas responsáveis pela paralisia muscular estão relacionadas aos receptores de acetilcolina, como o veneno de algumas cobras e dos baiacus, que bloqueiam esses receptores. Há também uma doença chamada Miastenia Gravis, que consiste numa situação em que o corpo produz anticorpos contra os receptores de acetilcolina, que impedem que esse neurotransmissor se ligue ao seu receptor e assim inibe a contração muscular do portador da doença.



Degradação

Primeiro a acetilcolina é sintetizada pela Colina Acetil Transferase, e em seguida é armazenada em vesículas para ser posteriormente secretada. Após ser secretada, ela é degradada pela enzima acetilcolinesterase, que a transforma em uma molécula de acetato e uma de colina. As duas moléculas formadas são posteriormente transportadas para o neurônio pré-sináptico e lá é sintetizada novamente uma molécula de acetilcolina.

Um dado interessante é que somente 10% da acetilcolina liberada é captada pelos receptores, o resto é degradado pela acetilcolinesterase.

Referências

http://www.icb.ufmg.br/prodabi/grupod/ach.html

http://doutormadrid.blogs.sapo.pt/10840.html

Gama-aminobutirato (GABA)

Olá pessoal, aqui é o Nelson Isamo. O blog acaba hoje, e pra fechar bem, vou fazer uma série de postagens aqui, cada uma uma sobre um neurotransmissor que eu acho interessante falar. Hoje eu vou falar sobre o GABA.

Ação

O Gaba é o principal neurotransmissor inibitório encontrado em mamíferos, e como nós já vimos em outro post, os neurotransmissores inibitórios atuam hiperpolarizando a membrana de neurônios, fazendo com que sua despolarização fique mais difícil de ocorrer, e assim ele dificulta a propagação de impulsos nervosos.

A ação do Gaba sobre a despolarização se dá quando ele se liga ao seu receptor na membrana. Essa ligação muda a conformação do receptor, e a mudança na conformação do receptor por sua vez induz a abertura dos canais de cloro da célula. Como a parte de dentro do neurônio já é naturalmente mais negativa que a de fora, a entrada de íons cloro dentro da células tornam ela ainda mais negativa, e dessa forma a membrana fica hiperpolarizada.

A ação de alguns anciolíticos, como os benzodiazepínicos consiste que ao se ligarem aos seus receptores, eles também afetam os receptores do Gaba, e aumentam sua afinidade com esse neuro transmissor. Outros, como os barbitúricos, intensificam a ação do Gaba, pois facilitam a abertura dos canais de cloro. Dessa forma, se o Gaba agir melhor sobre gurpos neuronais do sistema límbico responsáveis pela integração de reações de defesa contra danos, perdas ou situações novas, ele acaba diminuindo a anciedade do indivíduo.

Via de Produção


A via de produção do Gaba envolve a síntese de outro neurotransmissor, que é antagônico ao Gaba, sendo um forte excitatório. Esse neurotransmissor é o L-glu.

Após ser solto na fenda sináptica e cumprir sua função, o Gaba é recaptado por transportadores específicos que se localizam nos terminais da membrana dos neurônios pré-sinápticos e de células da glia. Ele é quebrado por uma enzima chamada gaba-transaminase (GABA-T), e gera como produto da quebra o semialdeído succínico. Posteriormente, o semialdeído succínico é oxidado a ácido succínico, e ele entra na mitocôndria, onde é convertido em alfa-cetoglutarato. A Gaba -T a seguir converte o alfa-cetoglutarato em L-glu por transaminação, e o L-glu é transformado em glatamina pela ação da glutamina sintetase, para que a glutamina seja transportada da célula da glia para o neurônio pré-sináptico.

No neurônio pré-sináptico, a glutaminase converte a glutamina em L-glu novamente, e ele depois é convertido a Gaba pela glutamato descarboxilase, que estoca o Gaba em vesículas para futuras secreções.

 

Referências